Com o marcador, o Paraguai volta à segunda fase de um Mundial após ser eliminado precocemente em 2006. Em 1998, contra a França, e em 2002, contra a Alemanha, parou exatamente nas oitavas de final. A melhor colocação dos sul-americanos na história foi o nono lugar em 1930, porém na oportunidade apenas 13 times participaram da competição.
Na África do Sul, a seleção guarani tem uma grande chance de melhorar seu histórico, visto que de forma inédita terminou a etapa de grupos na primeira colocação. Como resultado, enfrentará o Japão no próximo dia 29, às 11h (de Brasília), em Pretória.
Independentemente do rival, para essa partida o técnico Gerardo Martino já sabe que não poderá contar com Victor Cáceres. O volante recebeu um cartão amarelo aos 10min de jogo após cometer uma falta e imediatamente levou as mãos à cabeça, lamentando bastante porque já sabia que estaria suspenso.
O outro atleta "pendurado", o também meio-campista Enrique Vera, pelo menos não foi advertido. Lesionado no tornozelo, o zagueiro Antolín Alcaraz não atuou nesta quinta, mas não deve ser um problema para a abertura do mata-mata.
A Nova Zelândia, por sua vez, também tem motivos para comemorar. Em sua única participação em uma Copa do Mundo até 2010, em 1982, a equipe havia caído na primeira fase com três derrotas, 12 gols sofridos e apenas dois marcados. Depois de 28 anos, a classificação também não veio, porém o desempenho foi bem superior: três empates, com dois gols marcados e dois sofridos.
O jogo
Como entrou em campo com a classificação à próxima fase quase confirmada, o Paraguai aproveitou para poupar jogadores. Martino sacou o lateral direito Bonet e o atacante Barrios para as entradas de Caniza, que aos 35 anos se tornou o primeiro paraguaio a disputar partidas em quatro Copas do Mundo, e Óscar Cardozo, artilheiro do último Campeonato Português que quase foi cortado do Mundial devido a uma lesão no tornozelo.
A outra mudança - Julio César Cáceres, zagueiro do Atlético-MG, começou jogando - foi motivada por uma torção no tornozelo do titular Alcaraz. Pelo lado neozelandês, manteve-se o esquema 3-4-3 responsável por empatar por 1 a 1 com a Itália. Assim, ambas as seleções entraram em campo com três atacantes de origem.
Ofensivos no papel, os times se mostraram cautelosos quando a bola começou a rolar. Até os 15 minutos da partida, apenas dois chutes haviam sido dados, ambos sem direção. Nesse início de partida, a principal chance veio com Killen, que chegou atrasado e não alcançou um cruzamento da direita que percorreu toda a área paraguaia.
Aos 17min, o lateral Caniza, recordista do Paraguai agora com 12 apresentações em Mundiais, tentou um lance bonito ao finalizar de primeira na sequência de um passe por elevação de Santa Cruz, mas isolou a bola. Um minuto depois, o veterano teve outra oportunidade: aproveitando um rebote, finalizou da entrada da área e desta vez assustou, com seu chute passando próximo ao ângulo esquerdo.
Com dificuldades para invadir a área neozelandesa, os paraguaios voltaram a arriscar à longa distância aos 29min. Curiosamente, novamente por meio de Caniza, que naquele momento havia sido o responsável por três dos cinco chutes contra o goleiro Paston - todos foram para fora.
Depois de muito tempo ausente no campo de ataque, a Nova Zelândia enfim assustou aos 29min, quando Killen chegou à linha de fundo pela direita e cruzou de forma bastante fechada, procurando Fallon. Antecipando-se ao atacante, o goleiro Villar segurou a bola já bem perto da linha do gol.
Melhorando a pontaria, o Paraguai finalmente obrigou Paston a trabalhar aos 35min. Porém, o chute, mais uma vez de fora da área, de Haedo Valdez foi fraco e no centro do gol. Na sequência, Óscar Cardozo, estreando como titular no Mundial, também arrematou da intermediária, sem levar perigo aos adversários.
Na volta do intervalo, os atletas da Nova Zelândia foram informados que até aquele momento a Eslováquia batia a Itália por 1 a 0 no Estádio Ellis Park, em Johannesburgo. Com esse resultado, uma vitória simples colocaria o time da Oceania na ponta do Grupo F e já aos 3min houve uma chance para que o sonho se tornasse realizada.
Aproveitando um erro de Caniza na hora de dividir, Lochhead avançou pela ponta esquerda e cruzou à meia altura; a zaga cortou provisoriamente e a bola sobrou para Eliott concluir da entrada da área. O lance foi o mais perigoso do jogo até então, mas não abriu o placar.
Uma resposta à altura dos sul-americanos demorou e só veio 14 minutos depois. Após cobrança de escanteio, Caniza invadiu a área e colocou a bola na medida para Riveros, que cabeceou, mas viu viu a bola esbarrar na zaga; no rebote, Óscar Cardozo também parou na barreira vestindo preto e Victor Cáceres ainda teve uma oportunidade, finalizando para fora.
Na sequência, Martino tirou Cardozo e Valdez, confiando em Edgar Benítez e Lucas Barrios, e rapidamente os atacantes descansados mostraram serviço. Aos 22min, assim, Barrios recebeu um passe na entrada da área e a invadiu com certa liberdade, contudo concluiu mal, por sobre o gol.
Os substitutos se destacaram novamente aos 31min. Em belo lance, Santa Cruz invadiu a área pela esquerda e serviu Benítez, que chutou bem colocado no canto esquerdo de Paston, que defendeu. Em boa forma, o goleiro ainda se levantou rapidamente e abafou a conclusão de Barrios.
Paston ainda se mostrou atento aos 35min, espalmando com segurança uma falta cobrada com violência por Santa Cruz. Das 17 finalizações paraguaias em toda a partida, apenas cinco atingiram o alvo, todas controladas pelo arqueiro.
Devido a isso e porque a Nova Zelândia pouco procurou atacar, o jogo terminou empatado por 0 a 0. Nos últimos dez minutos, o time que se despediu da Copa do Mundo invicto ainda tentou adiantar a marcação em busca da vitória que o levaria às oitavas de final. Entretanto, teve poucas chances para isso, assustando somente aos 41min, quando Wood apareceu livre na área dos oponentes e não alcançou um cruzamento que veio da esquerda. De qualquer forma, o lance já estava paralisado por impedimento, para alívio dos paraguaios, que confirmaram o primeiro posto.
FICHA TÉCNICA
Paraguai 0 x 0 Nova Zelândia
Ponto Forte do Paraguai
Alterações do técnico Gerardo Martino, que ao colocar os atacantes Barrios e Benítez melhorou o time no segundo tempo.
Ponto Forte da Nova Zelândia
Sistema defensivo, que impediu que o Paraguai entrasse na área por todo o primeiro tempo; foram sete chutes, todos à longa distância. No segundo tempo, a equipe se manteve firme e ainda contou com a segurança do goleiro Paston.
Ponto Fraco do Paraguai
Falta de criatividade. A seleção dominou as ações com 58% de posse de bola, no entanto criou poucas oportunidades - a maioria de seus chutes veio de fora da área.
Ponto Fraco da Nova Zelândia
Pouca iniciativa no ataque. Embora se classificasse à segunda fase com uma vitória simples, o time pouco buscou o ataque, com apenas quatro finalizações.
Personagem do jogo
Caniza. Geralmente reserva, o lateral direito, 35 anos, foi promovido à equipe titular no lugar de Bonet e se tornou o primeiro paraguaio a atuar em quatro Copas do Mundo, virando ainda o recordista em número de partidas disputadas em Mundiais: agora são 12.
Esquema Tático do Paraguai
4-3-3
Villar; Caniza, Da Silva, J. Cáceres, Morel; Vera, Victor Cáceres, Riveros; Santa Cruz, Óscar Cardozo (Barrios), Haedo Valdez (Benítez)
Técnico: Gerardo Martino
Esquema Tático da Nova Zelândia
3-4-3
Paston; Reid, Nelsen e Smith; Bertos, Vicelich, Elliot e Lochhead; Smeltz, Killen (Brockie) e Fallon (Wood)
Técnico: Ricki Herbert
Cartões amarelos
Paraguai: Victor Cáceres e Santa Cruz
Nova Zelândia: Nelsen
Árbitro
Yuichi Nishimura (Japão)
Local
Peter Mokaba Stadium, em Polokwane
Fonte:www.terra.com.br