O primeiro fantasma do mata-mata foi superado. A Seleção Brasileira bateu o Chile por 3 a 0 nesta segunda-feira, no estádio Ellis Park, em Johannesburgo, pelas oitavas de final da Copa do Mundo da África do Sul. E terá pela frente o adversário, teoricamente, mais difícil até agora - a Holanda, na sexta-feira, em Port Elizabeth, às 11h (de Brasília). Juan, Luís Fabiano e Robinho balançaram as redes.
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Junto com a Argentina, a Holanda é a outra única equipe com 100% de aproveitamento até agora na competição. Venceu Dinamarca (2 a 0), Japão (1 a 0) e Camarões (2 a 1) na primeira fase. Nas oitavas, passou pela Eslováquia (2 a 1). Sem esquecer que conta ainda com o crescimento de produção do craque Robben, recuperado de lesão.
O vencedor de Brasil x Holanda enfrentará no dia 6 de julho, na Cidade do Cabo, o vencedor do duelo entre Uruguai e Gana, marcado também para a sexta-feira, em Johannesburgo, às 15h30 (de Brasília).
Contra os chilenos, Dunga precisou escalar Daniel Alves e Ramires nas vagas do volante Felipe Melo e do meia Elano, que ainda se recuperam de lesões. Já o técnico argentino Marcelo Bielsa mostrou que não estava blefando e colocou a seleção chilena no ataque, tendo montado o time titular com quatro jogadores ofensivos.
Depois de ter enfrentado adversários retrancados na primeira fase - vitórias sobre Coreia do Norte (2 a 1) e Costa do Marfim (3 a 1), além de empate com Portugal (0 a 0) -, o Brasil finalmente encontrou o espaço em campo que tanto queria. Apesar do jogo aberto, a Seleção novamente não foi brilhante na criação.
Precisou de uma bola parada para abrir o placar, com o zagueiro Juan, que aproveitou cobrança de escanteio. No segundo gol, sim, uma jogada bem trabalhada. Triangulação que começou com Robinho, contou com bela assistência de Kaká e terminou com o gol de Luís Fabiano depois do drible no goleiro Bravo. Tudo ainda no primeiro tempo.
O passe para o gol foi o melhor que fez o craque Kaká, que ainda não mostrou o futebol de quem já foi o melhor do mundo. E, depois da expulsão contra a Costa do Marfim e da suspensão cumprida, o meia voltou a levar um cartão amarelo.
Já Robinho, poupado contra Portugal por causa de dores musculares, tinha uma atuação apagada até balançar a rede no segundo tempo, depois de bela jogada individual e assistência de Ramires. Depois, o meio-campista levou seu segundo amarelo na competição e não poderá ser escalado contra a Holanda.
Com o gol, Luís Fabiano se manteve na briga pela artilharia. Higuaín (Argentina) e Vittek (Eslováquia) lideram com quatro gols cada, enquanto o brasileiro divide a segunda posição com mais cinco goleadores: David Villa (Espanha), Gyan (Gana), Luis Suárez (Uruguai), Thomas Müller (Alemanha) e Donovan (Estados Unidos) - este último já eliminado.
A freguesia sobre os chilenos e a Holanda
O triunfo desta segunda-feira foi um novo capítulo da freguesia dos brasileiros sobre o Chile. Nos últimos 10 jogos, foram oito vitórias do Brasil e um empate. A última vitória dos chilenos foi em agosto de 2000, pelas Eliminatórias, por 3 a 0. Ainda houve um triunfo brasileiro no Mundial de 98, nas oitavas de final, por 4 a 1.
A Holanda entra no caminho brasileiro pela terceira vez nas últimas cinco Copas. Em 1994, o Brasil passou pela Holanda com gol decisivo de Branco, vencendo por 3 a 2, também nas quartas de final. No Mundial seguinte, o duelo se repetiria nas semifinais. A partida terminou empatada em 1 a 1 e teve vitória verde-amarela nos pênaltis.
Primeiro tempo: larga vantagem brasileira
Sem Felipe Melo e Elano, lesionados e substituídos por Ramires e Daniel Alves, Dunga iniciou a partida sem dois titulares ideiais. O Chile também teve três problemas: Ponce e Medel não puderam jogar, suspensos, assim como o volante reserva Estrada.
No começo de jogo, o Chile jogou como sempre: marcando em cima e buscando o ataque. O goleiro Júlio César até tomou um susto em jogada pessoal de Alexis Sánchez, que fintou Michel Bastos e cruzou por baixo. Com perigo, a bola atravessou a área sem que ninguém desviasse.
Fechado, o Brasil começou a tentar estocadas rápidas no contragolpe. Na primeira melhor delas, Luís Fabiano recebeu em boas condições, mas chutou muito torto. Depois, mais à frente, Gilberto Silva ameaçou de fora, testando o goleiro chileno Bravo. Ramires repetiu a tentativa logo depois.
Aos poucos, a equipe brasileira impôs sua autoridade em campo e acertou a marcação. Na segunda metade da etapa inicial, a partida já tinha a marca da equipe de Dunga, que chegou a seu primeiro gol em uma das jogadas mais fortes, a bola aérea. Maicon cobrou, Juan subiu mais que a baixa defesa chilena e abriu, de cabeça, o marcador aos 34min. Luís Fabiano ajudou, prendendo no chão um defensor chileno que subiria no lance.
O Chile nem teve tempo de assimilar o gol de Juan e sofreu o segundo, quatro minutos depois. No contra-ataque, Robinho recebeu à esquerda e fez passe preciso para Kaká, que só entregou para Luís Fabiano. De frente com o goleiro, teve tranquilidade, fazendo a finta e empurrando para o gol aberto.
Assim, o primeiro tempo se encerrava com larga vantagem para os brasileiros. Desesperado e como sempre agachado na beira do campo, Marcelo Bielsa se cansou de reclamar de jogadas e posicionamentos dos jogadores chilenos, que salvo os minutos iniciais tiveram grande dificuldade em campo.
Segundo tempo: confirmação
O Chile voltou para a segunda etapa com duas trocas: Valdívia e Tello entraram nos lugares de Mark González e Contreras, tornando a equipe mais ofensiva. Pouco adiantou, afinal o Brasil conseguia bloquear bem a entrada da área e oferecia quase nenhum espaço aos chilenos.
A primeira real oportunidade de gol na segunda etapa foi mais uma vez aproveitada pela eficiente equipe de Dunga. Substituto de Felipe Melo, Ramires mais uma vez justificou a confiança e arrancou do meio até a entrada da grande área. O volante só rolou para Robinho, que marcou pela primeira vez no Mundial.
Valdívia vinha bem na partida e criou a melhor chance chilena desde o início. Depois de tanto tocar a bola, o adversário do Brasil resolveu finalizar e o ex-palmeirense bateu com perigo, por cima do gol de Júlio César. Pouco depois, Kaká finalizaria de forma parecida, também para fora.
O Brasil se manteve fiel às suas características e explorando os contra-ataques. Robinho por pouco não marcou seu oitavo gol contra os chilenos, recebendo bola em velocidade e finalizando perto da meta de Bravo. Apagado em campo, Suazo criou boa chance, girando à frente da pequena área e batendo com perigo.
O Chile ainda assustaria novamente aos 39min, em jogada de Beausejour na grande área. Mesmo assim, os brasileiros terminaram seu segundo jogo consecutivo sem sofrer gols. Já pensando na Holanda, Dunga promoveu Nilmar e as estreias de Kléberson e Gilberto na Copa.
FICHA TÉCNICA
Brasil 3 x 0 Chile
Gols
Brasil: Juan, aos 34min, Luís Fabiano, aos 38min do 1º tempo e Robinho, aos 14min do 2º tempo
Pontos Fortes do Brasil
Equipe muito focada em campo. Poucos espaços concedidos ao Chile
Ponto Forte do Chile
Em nenhum momento, desistiu do jogo e manteve fiel a sua identidade
Ponto Fraco do Brasil
Sempre refém dos contra-ataques
Ponto Fraco do Chile
Defesa continua sendo o ponto fraco da equipe chilena
Personagem do jogo
Robinho, que marcou pela sétima vez contra os chilenos
Esquema Tático do Brasil
4-3-1-1
Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva; Daniel Alves e Ramires; Kaká (Kléberson); Robinho (Gilberto) e Luís Fabiano (Nilmar)
Técnico: Dunga
Esquema Tático do Chile
4-2-3-1
Bravo; Isla (Millar), Fuentes, Contreras (Tello) e Vidal; Carmona e Carmona; Alexis Sánchez, Beausejour e Mark González (Valdívia); Suazo
Técnico: Marcelo Bielsa
Cartões amarelos
Brasil: Kaká e Ramires
Chile: Vidal, Millar e Fuentes
Árbitro
Howard Webb (Inglaterra)
Local
Ellis Park Stadium, em Johannesburgo
Fonte:www.terra.com.br