Futebol Profissional


Brasil sofre para desencantar contra o Equador e garantir liderança do grupo


Djalma Vassão/Gazeta Press
O ataque de Mano Menezes enfim funcionou na Argentina. A defesa, não. Em um jogo movimentado, o Brasil derrotou o Equador por 4 a 2 na noite desta quarta-feira, em Córdoba, e garantiu-se na primeira colocação do grupo B da Copa América. Alexandre Pato e Neymar marcaram os gols (dois cada) do líder, enquanto Felipe Caicedo descontou em falhas do goleiro Júlio César.
Com o resultado, o Brasil chegou aos 5 pontos em sua chave. A Venezuela ficou com o mesmo número depois de arrancar um empate com o Paraguai, porém levou desvantagem no saldo de gols. Os paraguaios também se classificaram na terceira posição, totalizando 3 pontos, enquanto os equatorianos acabaram eliminados com somente 1.
O Brasil enfrentará o Paraguai nas quartas de final, às 16 horas (de Brasília) de domingo, em La Plata. No último sábado, as duas seleções empataram por 2 a 2 em Córdoba - a equipe de Mano Menezes só assegurou a igualdade aos 45 minutos do segundo tempo, com gol do atacante Fred.
O jogo - A seleção brasileira já não parecia ser mais uma atração da Copa América após decepcionar com empates com Venezuela e Paraguai. O Estádio Mario Alberto Kempes tinha muitos espaços vazios nas arquibancadas para a partida contra o Equador. Nas tribunas, o ídolo argentino que dá nome à arena passeava quase sem ser incomodado.
O Brasil também escolheu a sobriedade para recuperar a condição de destaque no continente. Após o zagueiro e capitão Lúcio cobrar "comprometimento" de seus companheiros, em um discurso que era muito utilizado por Dunga, o técnico Mano Menezes vestiu um terno para comandar a seleção nesta noite. No gramado, Robinho foi titular com um corte de cabelo curto, tradicional, ao invés de usar o seu topete vistoso.
A mudança do Brasil se resumiu à postura fora de campo. Quando o jogo começou, a equipe voltou a errar muitos passes e despertou as vaias da torcida equatoriana, presente em maior número no estádio. Em menos de dez minutos, a seleção do Equador tocou a bola com um pouco mais de paciência e foi reverenciada com provocativos gritos de "olé".
Mas o Brasil tinha alguns caminhos para calar o público. O principal deles era pela direita. O lateral Maicon ganhou a vaga de Daniel Alves (que falhou contra o Paraguai) na equipe e mostrou disposição para reverter o mau momento da seleção. A maioria das jogadas brasileiras de ataque passaram pelos pés do jogador da Internazionale nos primeiros minutos de partida.
Com maior volume de jogo, o Brasil não se restringiu a atacar pela direita. Os jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso estavam afoitos para provar potencial e passaram a acelerar o jogo, algumas vezes com chutes de longa distância. Aos 28 minutos, o gol - com lance de lateral esquerdo: André Santos se aproximou do bico da grande área e cruzou com precisão para Alexandre Pato, que chegou em velocidade para cabecear para as redes.
O gol deu a falsa impressão de que o jogo do Brasil finalmente fluiria na Argentina. Alexandre Pato havia desencantado e correu entusiasticamente na direção da torcida para comemorar. Até o mascote da Copa América pulava de alegria próximo a Mano Menezes. E o contestado Robinho, aos 37 minutos, tabelou com Maicon e acertou a trave com um chute forte.
Não demorou para os problemas voltarem à tona. O Brasil afrouxou a marcação e permitiu que o Equador fosse mais ofensivo no final do primeiro tempo. Aos 38, Felipe Caicedo aproveitou para chutar fraco, quase no meio do gol. Júlio César deixou a bola passar por baixo do seu corpo. Até a atriz Susana Werner, esposa do goleiro, irritou-se com a falha e o empate: atualizou o Twitter para desabafar.
A etapa complementar iniciou com aplausos para a animada seleção equatoriana. Mas era a vez de os brasileiros festejarem. Logo aos quatro minutos, uma jogada entre santistas recolocou o time de Mano Menezes à frente no marcador. Ganso recebeu na meia-lua, girou e lançou Neymar. A bola desviou na defesa adversária, mas o atacante emendou de primeira para o gol.
Mais uma vez, contudo, o Brasil não soube segurar a vantagem. O Equador nem precisou se lançar ao ataque com contundência para alcançar novamente o empate. Aos 14, Felipe Caicedo se consagrou como algoz brasileiro com outra conclusão sem força. Júlio César voltou a aceitar.
A reação brasileira foi rápida, em menos de três minutos. Neymar avançou até a entrada da área e bateu. O goleiro Marcelo Elizaga deu rebote, e Alexandre Pato foi oportunista para dividir com os zagueiros e marcar o gol. Os novatos do Brasil se abraçaram alegremente. Mano Menezes também respirou, aliviado.
A situação ficaria ainda melhor para o Brasil. Aos 27, Maicon arrancou pela direita, superou a marcação e foi à linha de fundo para rolar na pequena área. Neymar empurrou para dentro. Com a vitória e a primeira colocação do grupo enfim asseguradas, Mano Menezes pôde fazer suas alterações para controlar a partida. Elias, Lucas e Fred substituíram Neymar, Ganso e Pato. Robinho ainda balançou as redes, porém a jogada foi anulada por impedimento.
O duelo, então, transferiu-se para as arquibancadas. Nos minutos finais de partida, os argentinos presentes no Estádio Mario Alberto Kempes cantaram para idolatrar Maradona na rixa histórica com Pelé. Os brasileiros responderam, agora satisfeitos com uma atuação da seleção de Mano Menezes: "Argentina, pode esperar, a sua hora vai chegar!".

Helder Júnior, enviado especial Córdoba (Argentina)
Gazeta Esportiva


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